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Quem é ela?

Por diversas vezes na vida eu já parei e me perguntei "onde eu fui amarrar meu bode?". Sim, em especial na minha vida amorosa, fui sempre um especialista em me meter em grandes ciladas e situações nada divertidas, pra não citar aquelas ocasionalmente extremamente desagradáveis e decepcionantes. E este parecia ser mais um desses dias. Eu, como sempre, queria bar. Ela queria cinema. Por me recusar a assistir qualquer comédia nacional tendo que pagar por isso, chegamos então a um consenso: vamos ao teatro. E lá fomos. Nada adiantou fugir de uma comédia nacional nas telas se no palco me deparei com algo bem similar, talvez com boa parte no mesmo elenco que estava no filme que recusei. Mas agora já era e ali estava. Um bom lugar, uma boa visão e não posso negar que era uma companhia, principalmente por ser o terceiro ou quarto encontro nosso. No começo é tudo mais fácil, afinal. Mas mesmo com o corpo ali, eu não consegui prestar atenção na história contada e nem mesmo

Amem (do verbo “amar”)

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Nunca fui um cara de fazer loucuras de amor, declarações em público, manifestações extremas de romantismo ou mesmo de largar tudo em nome de um relacionamento. Na verdade eu sempre achei um tanto chato ter posturas assim. Nem mesmo flores, chocolates diferentes e cartas de amor enviava. E na verdade estava muito feliz, e cômodo, deste modo dentro do meu atual relacionamento, sem precisar ficar repetindo “eu te amo” a todo momento. Já eram uns 7 ou 8 meses de namoro que pareciam fluir muito bem. Ela era uma pessoa adorável, romântica na medida certa, compreensiva, companheira. Nenhum amigo poderia dizer “começou a namorar e sumiu, hein...” exatamente porque praticamente mantive todos os meus hábitos. Nossos 6 anos de diferença de idade não impactavam tanto: nossos horários batiam. Eu tinha a namorada que assistia Game of Thrones comigo e que assim como eu fazia questão de não ler os livros. A namorada que chegava em minha casa com um engradado de Brahma, alguns baseados,

Horas

Já era o que? A terceira ou quarta garrafa de cerveja que eu tomava sozinho ali naquela mesa do bar. A hora eu sabia bem: 20:32. Na falta do que fazer era o celular que eu olhava a todo momento e via a hora. Maldito 3G da tim não pega aqui nesse lugar e me sinto completamente alheio a tudo, sem poder ver nada que precise de rede.  20:35. Mais um garrafa chegando. Levando em conta que ela falou "um as 8 e pouco eu to chegando" até que tá ok. Estou bem. O que um homem realmente quer é mulher e álcool (e o dinheiro pra conseguir isso). Aguardarei um pouco mais, sem problema algum. Enquanto isso, vou pensando no que falar depois de, sei lá, uns 7 meses sem se ver e trocando algumas poucas mensagens no Facebook muito de vez em quando. 20:42. Ainda é a mesma cerveja. Acho que dá mais um copo nessa garrafa, não sei. Na mesa atrás da minha senta uma outra mulher. A idade aparenta ser próxima da minha, talvez um pouco menos. Branca, magra, cabelo bem curto e tingido de loiro, usa uma

Ela

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Por várias vezes eu tentei imaginar como seria uma namoro perfeito, bonito, que realizasse todos os sonhos e que, principalmente, fosse para toda vida. Aquele namoro de novela, de livros, dos sonhos. Alguém que eu tivesse toda certeza que foi feita pra mim e eu pra ela. E sempre achei também que tal feito seria simples: bastava achar uma mulher que quisesse tudo isso e que gostássemos um do outro. Enquanto não encontrava tal mulher, minhas companhias eram os copos de cerveja nos bares.  Até que nesses bares, com os amigos, eu a conheci. E é sempre assim: amiga do amigo de um outro amigo. E deste modo: conversar no bar aquela vez, se encontrar novamente em outras bares, adicionar no Facebook etc..  Quando dei por mim, já nos falávamos todos os dias. Mas eu sabia: ela naquele momento me via como um amigo. Talvez um novo melhor amigo. Aquele com quem ela reclamava de seu atual namorado. Tão ausente, tão distante mesmo morando perto, tão dono de atitudes estranhas que a faziam se sent

Perto

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- Eu nunca ouvi você dizer que me ama... - Mas eu já te disse várias vezes que te amo... - Disse sim. Mas disse escrevendo pelo whatsapp. Mas eu nunca ouvi sua voz dizer isso pra mim. Na hora chega um áudio com um "eu te amo, muito muito muito" dito por ela. Eu fico sem jeito de dizer "preferiria ouvir pessoalmente" e apenas respondo do mesmo modo. - Não vejo a hora de te ver novamente.... volta aqui logo. - Falta pouco! Só mais 5 semanas e vão passar voando. Eu não sei onde estava com a cabeça quando fiz a loucura de pegar um voo pro sul e encontrar alguém que eu só falava por Facebook e Whatsapp há 2 meses mas que logo de cara eu senti o coração bater mais forte. Ela mexeu comigo. Demais. Nos vimos. Ficamos. Ela disse "quero você pra sempre" e eu, no impulso, perguntei "então quer namorar comigo?" tendo a sua resposta positiva possivelmente por impulso também. E voltei lá 2 meses depois. E sinceramente não sentia tanta falta física dela

Sorridente

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O celular tocou e na mesma hora eu me perguntei quem é que ainda telefona nos dias de hoje. Os números, muitos, tão bagunçados e sem uma repetição, não me fizeram ter a mínima ideia de quem era. Atendo.  "Oi. Sabe quem tá falando?" . Finjo que não entendi e repito o  "alô?" . Aquela voz feminina, e doce, repete meu nome e pergunta novamente se sei quem está do outro lado da linha. Digo que a ligação tá ruim, que sou eu mesmo e pergunto quem é. Ela se identifica e na mesma hora um sorriso surge no meu rosto. Havia uns bons 3 ou 4 anos que a gente não se falava.  “Desde o Orkut, né?”  ela brincou ao dizer. Perguntas rápidas e ela disse  “liguei porque estava com saudade. Adoro conversar com você. Podemos nos ver?” E nos vimos. Como imaginei, ela estava carente. Não de um homem, mas de atenção. Estava vindo de uma namoro recém-terminado que havia nos afastado nos últimos dois anos. Fui até a casa dela e minhas expectativas desde mais cedo eram as mais maldos

Bloqueados

"Tá bom. Então eu tô te bloqueando e vou sumir da sua vida como você quer."  Foram com essas palavras que bloqueei ela no meu Whatsapp. Bloqueei, guardei meu celular no bolso e apenas virei minha cabeça pra trás sentado naquele metrô vazio às 6 da manhã de sábado logo após a nossa última briga. Tentei bem controlar, mas tive a sensação de que uma ou outra lágrima escorreu do meu olho. Meus sentimentos eram de raiva, alívio, revolta, paixão. Triste por tudo ter acabado. Aliviado por ter enfim chegado essa hora. Ao descer do metrô percebi: havia álcool agindo em mim ainda. Meus pés não tinham passos firmes. tonto, entrei em casa. Não vi cozinha para beber, não vi banheiro para me lavar, não vi quarto pra trocar de roupa. Vi apenas aquele sofá na sala. E ali deitei dormi com todo cansaço do mundo, como todos aqueles sentimentos misturados dentro de mim. Não sei quanto tempo passou mas me pareceu poucos minutos, embora certamente foram algumas horas, mas meu celular tocou. Ain