Ela
Por várias vezes eu tentei imaginar como seria uma namoro perfeito, bonito, que realizasse todos os sonhos e que, principalmente, fosse para toda vida. Aquele namoro de novela, de livros, dos sonhos. Alguém que eu tivesse toda certeza que foi feita pra mim e eu pra ela. E sempre achei também que tal feito seria simples: bastava achar uma mulher que quisesse tudo isso e que gostássemos um do outro. Enquanto não encontrava tal mulher, minhas companhias eram os copos de cerveja nos bares.
Até que nesses bares, com os amigos, eu a conheci. E é sempre assim: amiga do amigo de um outro amigo. E deste modo: conversar no bar aquela vez, se encontrar novamente em outras bares, adicionar no Facebook etc..
Quando dei por mim, já nos falávamos todos os dias. Mas eu sabia: ela naquele momento me via como um amigo. Talvez um novo melhor amigo. Aquele com quem ela reclamava de seu atual namorado. Tão ausente, tão distante mesmo morando perto, tão dono de atitudes estranhas que a faziam se sentir só mesmo estando namorando. Mas ela tinha um problema em relação a ele que a impedia de tomar qualquer atitude como as que eu aconselha (de terminar com ele e seguir em frente): ela o amava.
Ela o amava tanto que tal sentimento fazia passar de cima de toda a solidão, toda tristeza, tudo que fazia mal a ela. Isso porque ela sentia que cada vez que estava com o amor aumentava. Era como se cada segundo compensasse cada dia longe, cada hora ao lado dele compensasse cada uma das lágrimas. No fundo, ela queria um amor-perfeito que só existia quando estavam juntos.
Já nos falávamos há meses. Nesse meio tempo também tentar encontrar o amor em outros braços, sem sucesso. Ora visto como amigo, ora alguém com medo de se apegar, ora alguém que eu sentia que não teria futuro. A verdade é que a cada beijo que eu dava em outra, era nela que eu pensava. E ela sabia disso, por mais que eu não dissesse de forma clara e objetiva. Muito mais por respeitar o momento dela do que por medo ou qualquer outra coisa. Eu achava que devia esperar esse romance acabar porque sabia que em algum momento esse dia ia chegar.
E chegou.
Eram 9 da manhã. Eu já estava em meu quarto sentado de frente ao notebook pensando em como terminar aquele job chato pra entregar até 12:00 quando a mensagem no meu Facebook chegou com uma carinha triste dela. Respondi com uma interrogação e ela respondeu “Tô mal. Aquele emprego no Sul rolou e ele vai embora. Acho que acabou “. Eu sabia que ela estaria chorando. Eu sabia que ela estava triste. Mas só consegui sorrir e pensar em mil coisas envolvendo eu e ela.
Assim como eu, nossa forma expulsar a tristeza era a mesma: no bar. E assim fizemos no mesmo dia. E no dia seguinte. E durante mais uns três fins de semana.
Quase um mês depois, ela me parecia ter superado tudo. Ela no Rio, ele em Porto Alegre. E numa quinta-feira de mais bebedeira quando percebi estávamos nos beijando. E era diferente de qualquer outro beijo que eu tenha dado nos últimos tempos. Beijar alguém que você sempre quis vai muito além do beijo. O coração bate mais forte, a barriga gela e você sente cada pelo do seu corpo arrepiar. O beijo quando é com sentimento é mais gostoso. E no primeiro beijo nosso eu pude calcular o quão apaixonado eu estava. A vontade era de não sair mais do lado dela. De estar sempre com ela. Foi com todo sentimento e desejo que passamos a noite juntos. E com alegria que eu acordei ouvindo ela dizer “a verdade é que eu sempre quis ter um namorado como você”. Fingi espanto e ela disse “Bobo. Claro que não vai terminar por aqui e eu sei que com isso podemos falar que já estamos junto, ué”. Sim: sem imaginar, sem planejar, sem perceber, nós já eramos um casal e estávamos namorando.
A noite de sexta, a primeira oficialmente como casal, foi igualmente maravilhosa. Bar, amigos, casa de amigos, casa dela. Só não foi mais perfeita porque eu precisava pegar um voo às 8:00 pra São Paulo pra um evento que eu voltaria logo no dia seguinte. E acordei atrasado, às 6:00, e por muita sorte e correria não perdi o voo que talvez deveria ter perdido.
Se eu tivesse perdido aquele voo eu passaria o dia com ela. Se eu tivesse perdido aquele voo ela não teria se encontrado com ele justo quando resolveu estar no Rio novamente. Se eu tivesse perdido aquele voo, eu não acordaria no domingo com uma mensagem “Desculpa. De verdade. Não me procura por um tempo. Ainda o amo. Nos vimos ontem. Rolou. Ele voltou de vez. Desculpa. Amo você, de outra forma, mas me desculpa”.
Ou talvez tenha sido melhor mesmo perder não perder aquele voo se ainda estivesse com alguém que não era, de verdade, aquela pessoa que sempre pensei que seria a pessoa certa para mim.
Até que nesses bares, com os amigos, eu a conheci. E é sempre assim: amiga do amigo de um outro amigo. E deste modo: conversar no bar aquela vez, se encontrar novamente em outras bares, adicionar no Facebook etc..
Quando dei por mim, já nos falávamos todos os dias. Mas eu sabia: ela naquele momento me via como um amigo. Talvez um novo melhor amigo. Aquele com quem ela reclamava de seu atual namorado. Tão ausente, tão distante mesmo morando perto, tão dono de atitudes estranhas que a faziam se sentir só mesmo estando namorando. Mas ela tinha um problema em relação a ele que a impedia de tomar qualquer atitude como as que eu aconselha (de terminar com ele e seguir em frente): ela o amava.
Ela o amava tanto que tal sentimento fazia passar de cima de toda a solidão, toda tristeza, tudo que fazia mal a ela. Isso porque ela sentia que cada vez que estava com o amor aumentava. Era como se cada segundo compensasse cada dia longe, cada hora ao lado dele compensasse cada uma das lágrimas. No fundo, ela queria um amor-perfeito que só existia quando estavam juntos.
Já nos falávamos há meses. Nesse meio tempo também tentar encontrar o amor em outros braços, sem sucesso. Ora visto como amigo, ora alguém com medo de se apegar, ora alguém que eu sentia que não teria futuro. A verdade é que a cada beijo que eu dava em outra, era nela que eu pensava. E ela sabia disso, por mais que eu não dissesse de forma clara e objetiva. Muito mais por respeitar o momento dela do que por medo ou qualquer outra coisa. Eu achava que devia esperar esse romance acabar porque sabia que em algum momento esse dia ia chegar.
E chegou.
Eram 9 da manhã. Eu já estava em meu quarto sentado de frente ao notebook pensando em como terminar aquele job chato pra entregar até 12:00 quando a mensagem no meu Facebook chegou com uma carinha triste dela. Respondi com uma interrogação e ela respondeu “Tô mal. Aquele emprego no Sul rolou e ele vai embora. Acho que acabou “. Eu sabia que ela estaria chorando. Eu sabia que ela estava triste. Mas só consegui sorrir e pensar em mil coisas envolvendo eu e ela.
Assim como eu, nossa forma expulsar a tristeza era a mesma: no bar. E assim fizemos no mesmo dia. E no dia seguinte. E durante mais uns três fins de semana.
Quase um mês depois, ela me parecia ter superado tudo. Ela no Rio, ele em Porto Alegre. E numa quinta-feira de mais bebedeira quando percebi estávamos nos beijando. E era diferente de qualquer outro beijo que eu tenha dado nos últimos tempos. Beijar alguém que você sempre quis vai muito além do beijo. O coração bate mais forte, a barriga gela e você sente cada pelo do seu corpo arrepiar. O beijo quando é com sentimento é mais gostoso. E no primeiro beijo nosso eu pude calcular o quão apaixonado eu estava. A vontade era de não sair mais do lado dela. De estar sempre com ela. Foi com todo sentimento e desejo que passamos a noite juntos. E com alegria que eu acordei ouvindo ela dizer “a verdade é que eu sempre quis ter um namorado como você”. Fingi espanto e ela disse “Bobo. Claro que não vai terminar por aqui e eu sei que com isso podemos falar que já estamos junto, ué”. Sim: sem imaginar, sem planejar, sem perceber, nós já eramos um casal e estávamos namorando.
A noite de sexta, a primeira oficialmente como casal, foi igualmente maravilhosa. Bar, amigos, casa de amigos, casa dela. Só não foi mais perfeita porque eu precisava pegar um voo às 8:00 pra São Paulo pra um evento que eu voltaria logo no dia seguinte. E acordei atrasado, às 6:00, e por muita sorte e correria não perdi o voo que talvez deveria ter perdido.
Se eu tivesse perdido aquele voo eu passaria o dia com ela. Se eu tivesse perdido aquele voo ela não teria se encontrado com ele justo quando resolveu estar no Rio novamente. Se eu tivesse perdido aquele voo, eu não acordaria no domingo com uma mensagem “Desculpa. De verdade. Não me procura por um tempo. Ainda o amo. Nos vimos ontem. Rolou. Ele voltou de vez. Desculpa. Amo você, de outra forma, mas me desculpa”.
Ou talvez tenha sido melhor mesmo perder não perder aquele voo se ainda estivesse com alguém que não era, de verdade, aquela pessoa que sempre pensei que seria a pessoa certa para mim.
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