Horas
Já era o que? A terceira ou quarta garrafa de cerveja que eu tomava sozinho ali naquela mesa do bar. A hora eu sabia bem: 20:32. Na falta do que fazer era o celular que eu olhava a todo momento e via a hora. Maldito 3G da tim não pega aqui nesse lugar e me sinto completamente alheio a tudo, sem poder ver nada que precise de rede.
20:35. Mais um garrafa chegando. Levando em conta que ela falou "umas 8 e pouco eu to chegando" até que tá ok. Estou bem. O que um homem realmente quer é mulher e álcool (e o dinheiro pra conseguir isso). Aguardarei um pouco mais, sem problema algum. Enquanto isso, vou pensando no que falar depois de, sei lá, uns 7 meses sem se ver e trocando algumas poucas mensagens no Facebook muito de vez em quando.
20:42. Ainda é a mesma cerveja. Acho que dá mais um copo nessa garrafa, não sei. Na mesa atrás da minha senta uma outra mulher. A idade aparenta ser próxima da minha, talvez um pouco menos. Branca, magra, cabelo bem curto e tingido de loiro, usa uma camiseta regata que deixa a mostra uma estranha tatuagem que se estende da parte da frente do seu ombro esquerdo e desce pelo braço. Ela mexe no celular sem parar. Deve usar Vivo pra ter 3G aqui, penso logo. Pede a mesma cerveja que eu e continua a mexer no aparelho.
20:47. Ela chega. Ela me abraça. "quanto tempo" - ela diz. Eu concordo sorrindo e peço mais um copo, que ela logo recusa. "não to bebendo?" e eu rio, incrédulo. Ok, nada a fazer. Apenas conversamos mais, mas nada muito profundo. Expectativas? Frustradas, claro. Mas não me sentia mal porque não era nela que minha mente estava. "Quer carona até o metrô?" ela pergunta. Digo que vou de ônibus mesmo, que é melhor pra mim. Certamente foi mais tempo esperando ela do que conversando. Mas não me importo e vou até o ponto.
21:26. Estou há poucos minutos no ponto. A mulher de cabelo curto vem lentamente andando na direção e para perto de mim.
"Que sem graça ela, hein.." ela diz, com um tom de voz claramente bem humorado.
Só consigo rir e concordar. Digo que ela mudou muito do que era antes.
"Vai ver quem mudou foi você. Vai ver você olhava pra ela o tempo todo e agora foi pra mim que ficou olhando, mesmo enquanto falava com ela".
Fiquei sem graça, sem esboçar reação alguma. Apenas deixei ela me agarrar.
03:25. "Ainda bem que moramos perto, né?" disse ela botando as calças e me jogando minha camiseta. Falei que apesar de perto, 10 minutos de caminhada não era algo muito seguro a fazer essa hora. "tudo bem. você vai comigo então e volta pela manhã".
7:22 eu saí da casa dela.
19:05 eu voltei.
21:30 pontualmente estávamos juntos no mesmo bar
00:15 já estávamos novamente em meu quarto.
Vários dias passaram.
Várias semanas
Vários meses
16:22 a gente chegou no aeroporto. O voo atrasou.
22:13 a família dela nos recebia em outro aeroporto.
Alguns dias depois, às 08:21 estávamos de volta.
Vários dias passaram
Várias semanas
Vários meses
23:22 ela saia da minha casa
02:25 saía o seu voo até sua família. Não teve volta.
E nunca mais voltou à minha casa
00:20, 3:15, 8:50... não importa a hora: eu ainda penso nela.
20:35. Mais um garrafa chegando. Levando em conta que ela falou "umas 8 e pouco eu to chegando" até que tá ok. Estou bem. O que um homem realmente quer é mulher e álcool (e o dinheiro pra conseguir isso). Aguardarei um pouco mais, sem problema algum. Enquanto isso, vou pensando no que falar depois de, sei lá, uns 7 meses sem se ver e trocando algumas poucas mensagens no Facebook muito de vez em quando.
20:42. Ainda é a mesma cerveja. Acho que dá mais um copo nessa garrafa, não sei. Na mesa atrás da minha senta uma outra mulher. A idade aparenta ser próxima da minha, talvez um pouco menos. Branca, magra, cabelo bem curto e tingido de loiro, usa uma camiseta regata que deixa a mostra uma estranha tatuagem que se estende da parte da frente do seu ombro esquerdo e desce pelo braço. Ela mexe no celular sem parar. Deve usar Vivo pra ter 3G aqui, penso logo. Pede a mesma cerveja que eu e continua a mexer no aparelho.
20:47. Ela chega. Ela me abraça. "quanto tempo" - ela diz. Eu concordo sorrindo e peço mais um copo, que ela logo recusa. "não to bebendo?" e eu rio, incrédulo. Ok, nada a fazer. Apenas conversamos mais, mas nada muito profundo. Expectativas? Frustradas, claro. Mas não me sentia mal porque não era nela que minha mente estava. "Quer carona até o metrô?" ela pergunta. Digo que vou de ônibus mesmo, que é melhor pra mim. Certamente foi mais tempo esperando ela do que conversando. Mas não me importo e vou até o ponto.
21:26. Estou há poucos minutos no ponto. A mulher de cabelo curto vem lentamente andando na direção e para perto de mim.
"Que sem graça ela, hein.." ela diz, com um tom de voz claramente bem humorado.
Só consigo rir e concordar. Digo que ela mudou muito do que era antes.
"Vai ver quem mudou foi você. Vai ver você olhava pra ela o tempo todo e agora foi pra mim que ficou olhando, mesmo enquanto falava com ela".
Fiquei sem graça, sem esboçar reação alguma. Apenas deixei ela me agarrar.
03:25. "Ainda bem que moramos perto, né?" disse ela botando as calças e me jogando minha camiseta. Falei que apesar de perto, 10 minutos de caminhada não era algo muito seguro a fazer essa hora. "tudo bem. você vai comigo então e volta pela manhã".
7:22 eu saí da casa dela.
19:05 eu voltei.
21:30 pontualmente estávamos juntos no mesmo bar
00:15 já estávamos novamente em meu quarto.
Vários dias passaram.
Várias semanas
Vários meses
16:22 a gente chegou no aeroporto. O voo atrasou.
22:13 a família dela nos recebia em outro aeroporto.
Alguns dias depois, às 08:21 estávamos de volta.
Vários dias passaram
Várias semanas
Vários meses
23:22 ela saia da minha casa
02:25 saía o seu voo até sua família. Não teve volta.
E nunca mais voltou à minha casa
00:20, 3:15, 8:50... não importa a hora: eu ainda penso nela.
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