Não existe vitória

Um dia eu vi a minha vitória
E ela estava diante de mim
tão perto, tão ao lado, tão pronta.
porém apenas perdi. 

Foi no tempo das chuvas que a vi.
Sorri, pensei, desejei.
Tive.
Ou estive perto de ter. 

Porque é possível ter aquilo que não existe?
Ora, o que não há não se toca. 

As chuvas continuaram.
As tempestades aumentaram.
Sobre a minha casa caíram vários raios.
Mas só mesmo ao fechar os olhos que relaxava
E era assim que me sentia um vencedor. 

Vencer
Vencer é ter vitória. 
Mas vencer o que se não sei qual é o jogo? 

Sim, era um jogo. 
Tudo fez sentido agora.
Não há o que vencer num jogo de derrotas.

Mas se jogo, me divirto.
Então me iludi consciência
Sabendo que nunca venceria
Mas que sozinho não perderia

Mas jogos terminam
Todos eles terminam 

A última carta não me foi surpresa
Já vi todo o jogo e sei qual seria
Isso, porém, não acaba com a tristeza 
Pois a carta que quis, eu nunca teria

Adeus, blefe. 
Recolho todos as minhas fichas.
Perdi? Não perdi. Ninguém mais tem nada. 
Não se perde nada quando todos estão derrotados. 

Quem venceu? Não importa.
Não existe vitória. 
 

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