Seu Djalma e o modelo José Serra de ser político.
Seu Djalma é um sujeito impar. É um coroa de uns 50 anos, herdou dos pais uns 4 apartamentos e sua profissão é ser dono deles, num prédio do subúrbio do Rio onde ele inclusive mora também. Ele também é, sempre, o síndico do prédio e o que toma frente em tudo. Seu Djalma é gente que faz.
O prédio do Seu Djalma tem 2 blocos, cada bloco 5 andares, cada andar 4 apartamentos. Seu Djalma é dono de todos os apartamentos do 2º andar do bloco 1 e mora no 202, alugando os outros 3 apês. Ou seja: dos 40 apartamentos, ele é dono de 10% deles. Mas mesmo assim Seu Djalma se acha o grande dono do prédio.
Anos antes, ele sofreu um grande baque: chegou da feira em um domingo e vi que, a revelia, estavam fazendo uma reunião de condomínio. Motivo: queriam fazer uma eleição de síndico porque nunca antes havia acontecido e Seu Djalma sempre se autointitulara sem ninguém questionar. Cheio de cólera, Seu Djalma concordou em participar do pleito. Perdeu.
O novo síndico teria um mandato de 2 anos até a nova assembleia para substituí-lo. Ou seja: por 2 anos, Seu Djalma teria que fazer coisas que nunca antes havia feito como: pagar condomínio e deixar de bater na porta das pessoas pra levar uma reclamação.
Seu Djalma sentiu um vazio no peito. Sentia falta do poder. Não tem a mínima noção de como é ser apenas só mais um. E aí veio uma ideia.
No ano seguinte, uma enxurrada de santinhos, galhardetes e cartazes tomou o prédio. Seu Djalma era candidato. A síndico? Não agora. Seu Djalma era candidato a vereador. Foi a apartamento por apartamento falar com as pessoas, pedir o voto, dizer como seria bom para a região ele como vereador, por conhecer os problemas da área. Veio a eleição: 340 votos e Seu Djalma, até por só ter feito campanha basicamente em seu prédio e com parentes que moravam próximo, não foi eleito.
E ele nem queria ser eleito mesmo.
No ano seguinte, na eleição do condomínio, Seu Djalma foi eleito síndico com muita facilidade. "Ele gosta dessas coisas. Ele é político, né?". Teve voto de 32 dos 40 apartamentos. 5 votos contra e 3 não deram as caras na convenção (curiosamento, os 3 inquilinos de Seu Djalma).
E assim se seguiu, com Seu Djalma sendo sempre reeleito, sempre sendo candidato a deputado estadual ou vereador, sem sem eleger, sempre com menos de 500 votos, mas mantendo a pose de político sério e compromissado.
Na última vez, Seu Djalma disse que não viria candidato a síndico mais uma vez, não tentaria novamente a reeleição porque queria se dedicar ao "sonho de ser parlamentar". No último momento, virou candidato. Venceu.
Seu Djalma não é bobo nem nada. Mas não é original. Sua inspiração? José Serra. Aquele que sempre vem candidato a presidente, não ganha mas isso lhe dá garbo e elegância. Perde e vem ser candidato a prefeito. Como se a derrota a presidente fosse como uma credencial de garantia que será bom num cargo menor.
PS: Seu Djalma não existe, é apenas um personagem neste texto. Mas o Serra existe e é bom tomar cuidado :)
O prédio do Seu Djalma tem 2 blocos, cada bloco 5 andares, cada andar 4 apartamentos. Seu Djalma é dono de todos os apartamentos do 2º andar do bloco 1 e mora no 202, alugando os outros 3 apês. Ou seja: dos 40 apartamentos, ele é dono de 10% deles. Mas mesmo assim Seu Djalma se acha o grande dono do prédio.
Anos antes, ele sofreu um grande baque: chegou da feira em um domingo e vi que, a revelia, estavam fazendo uma reunião de condomínio. Motivo: queriam fazer uma eleição de síndico porque nunca antes havia acontecido e Seu Djalma sempre se autointitulara sem ninguém questionar. Cheio de cólera, Seu Djalma concordou em participar do pleito. Perdeu.
O novo síndico teria um mandato de 2 anos até a nova assembleia para substituí-lo. Ou seja: por 2 anos, Seu Djalma teria que fazer coisas que nunca antes havia feito como: pagar condomínio e deixar de bater na porta das pessoas pra levar uma reclamação.
Seu Djalma sentiu um vazio no peito. Sentia falta do poder. Não tem a mínima noção de como é ser apenas só mais um. E aí veio uma ideia.
No ano seguinte, uma enxurrada de santinhos, galhardetes e cartazes tomou o prédio. Seu Djalma era candidato. A síndico? Não agora. Seu Djalma era candidato a vereador. Foi a apartamento por apartamento falar com as pessoas, pedir o voto, dizer como seria bom para a região ele como vereador, por conhecer os problemas da área. Veio a eleição: 340 votos e Seu Djalma, até por só ter feito campanha basicamente em seu prédio e com parentes que moravam próximo, não foi eleito.
E ele nem queria ser eleito mesmo.
No ano seguinte, na eleição do condomínio, Seu Djalma foi eleito síndico com muita facilidade. "Ele gosta dessas coisas. Ele é político, né?". Teve voto de 32 dos 40 apartamentos. 5 votos contra e 3 não deram as caras na convenção (curiosamento, os 3 inquilinos de Seu Djalma).
E assim se seguiu, com Seu Djalma sendo sempre reeleito, sempre sendo candidato a deputado estadual ou vereador, sem sem eleger, sempre com menos de 500 votos, mas mantendo a pose de político sério e compromissado.
Na última vez, Seu Djalma disse que não viria candidato a síndico mais uma vez, não tentaria novamente a reeleição porque queria se dedicar ao "sonho de ser parlamentar". No último momento, virou candidato. Venceu.
Seu Djalma não é bobo nem nada. Mas não é original. Sua inspiração? José Serra. Aquele que sempre vem candidato a presidente, não ganha mas isso lhe dá garbo e elegância. Perde e vem ser candidato a prefeito. Como se a derrota a presidente fosse como uma credencial de garantia que será bom num cargo menor.
PS: Seu Djalma não existe, é apenas um personagem neste texto. Mas o Serra existe e é bom tomar cuidado :)
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